quinta-feira, 10 de julho de 2014

SP: ZONA LESTE - Olha o trem aí, gente! Está recheado de histórias

Por Manoel Gonçalves

Condução é sempre uma aventura. Quem utiliza dos meios de transporte, todos os dias ou de vez em quando, sabe do que digo. Mas independente da intenção, por necessidade ou por lazer, é inegável que na condução a gente ri, chora, agoniza e testa paciência, dentre outras coisas.

Mas quem circula pela cidade por esses meios também compartilha de inúmeras histórias. Às vezes sem querer, às vezes por imensa curiosidade, é possível saber de parte da vida dos passageiros, de alguma aventura, romance, espertezas e muitas situações engraçadas. A verdade é que é preciso levar sempre na esportiva. Afinal, dependendo do trajeto, passa-se até 3 ou 4 horas na condução. Por conta desse convívio diário, muitos grupos de amigos se formam e a viagem sempre fica mais leve.

Sei que esse espaço é para destacarmos feitos e fatos da imensa e movimentada zona leste. Mas aproveito hoje para escrever sobre o livro de uma autora de uma região próxima à zona leste. Ela é do Alto Tietê, de Suzano especificamente. Usuária diária e de longa data dos meios ferroviários (trem e metrô) e aproveitando-se dessa fonte inesgotável e inspiradora de histórias, Andreia Gonçalves Garcia, com boa dose de curiosidade e observação, captou essas sensações e ações e escreveu o livro A Viajante do Trem. São crônicas engraçadíssimas sobre situações corriqueiras e extremamente comuns ao universo dos usuários. Assim, com irreverência, ela explica os tipos de usuários de metrô e trem, os nomes dados às estações, as canções que surgem no dia-a-dia e, principalmente, os "causos" inusitados que passam frente aos seus olhos.

Andreia também escreve colunas para jornais locais e para o jornal Estação, distribuído gratuitamente nos arredores das estações de trem e metrô. Ela também mantém o blog homônimo, A Viajante do Trem. Quem quiser conhecer um pouco mais, entra lá e curta o face dela também.
Aproveitando o tema, coloco aqui um poema que fiz:

Condução
Estava no vagão
Vagando pela cidade
Por túneis e trilhos
Vendo o vagar do trânsito
E o nada devagar
Agito dos transeuntes
Perdido nos pensamentos
De bobeira a divagar
Vendo o povo apinhado
À espera do metrô lotado
Em plataformas sem forma
Falta espaço, sobre cansaço
O trem encosta já cheio
Antes de o apito soar
Pra entrar tem de suar
O povo fica e suplica
Em vão a vaga que não veio
No vagão quase sem ar
Não há conforto nem lugar
Apenas o aperto rotineiro
Rostos apreensivos, fatigados
Inexpressivos, enlatados
E a vaga noção de seguir nos trilhos
Ensardinhados, bem DE-VA-GAR

 "- Paramos para aguardar a movimentação do trem à frente."
Manogon
Mas para não dizer que não falei da zona leste, preparem-se, pois em julho tem dose dupla do Sarau da Casa Amarela, que contará com convidadas especiais: Adriane Garcia (MG) e Bianca Velloso (SC), duas brilhantes escritoras, além de outros autores que acompanham a comitiva. 

Dia 18-07, será na Casa de Farinha, com o lançamento do CD Sarau da Casa Amarela, vol. 1 - Mutirão Cultural, exposição de artes de Euflávio Madeirart (esculturas em madeira) e Ligia Regina (quadros), pocket show com artistas da Casa Amarela e microfone aberto.

Dia 20-07 acontece o tradicional Sarau da Casa Amarela, na sua sede mesmo, com os mesmos autores convidados e os artistas que frequentam o sarau.

Dia 25-07 tem o Sarau da Casa do Chefe (agora chamada de Casa da Memória deItaquera), no centro de Itaquera.

E dia 26-07 tem a realização do Blá-Blá-Blá, na Casa Amarela, um debate com o tema "Literatura Marginal, o que é?", com os convidados Alessandro Buzo (escritor, cineasta e apresentador de TV), Sacolinha (escritor e produtor cultural) e Érica Peçanha (pesquisadora).


Manoel Gonçalves é designer gráfico, ator e poeta. Escreveu por dois anos e meio para o blog e site Desabafo de Mãe, como pai convidado, para expor seu ponto de vista sobre a difícil e prazerosa arte de criar e educar as filhas. Participou também de outros blogs literários.

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