Por Manoel Gonçalves
Condução é
sempre uma aventura. Quem utiliza dos meios de transporte, todos os dias ou de
vez em quando, sabe do que digo. Mas independente da intenção, por necessidade
ou por lazer, é inegável que na condução a gente ri, chora, agoniza e testa
paciência, dentre outras coisas.
Mas quem
circula pela cidade por esses meios também compartilha de inúmeras histórias.
Às vezes sem querer, às vezes por imensa curiosidade, é possível saber de parte
da vida dos passageiros, de alguma aventura, romance, espertezas e muitas situações
engraçadas. A verdade é que é preciso levar sempre na esportiva. Afinal,
dependendo do trajeto, passa-se até 3 ou 4 horas na condução. Por conta desse
convívio diário, muitos grupos de amigos se formam e a viagem sempre fica mais
leve.
Sei que esse
espaço é para destacarmos feitos e fatos da imensa e movimentada zona leste.
Mas aproveito hoje para escrever sobre o livro de uma autora de uma região
próxima à zona leste. Ela é do Alto Tietê, de Suzano especificamente. Usuária
diária e de longa data dos meios ferroviários (trem e metrô) e aproveitando-se
dessa fonte inesgotável e inspiradora de histórias, Andreia Gonçalves Garcia,
com boa dose de curiosidade e observação, captou essas sensações e ações e
escreveu o livro A Viajante do Trem. São crônicas engraçadíssimas sobre
situações corriqueiras e extremamente comuns ao universo dos usuários. Assim,
com irreverência, ela explica os tipos de usuários de metrô e trem, os nomes
dados às estações, as canções que surgem no dia-a-dia e, principalmente, os
"causos" inusitados que passam frente aos seus olhos.
Andreia
também escreve colunas para jornais locais e para o jornal Estação, distribuído
gratuitamente nos arredores das estações de trem e metrô. Ela também mantém o
blog homônimo, A Viajante do Trem. Quem quiser
conhecer um pouco mais, entra lá e curta o face dela também.
Aproveitando
o tema, coloco aqui um poema que fiz:
Condução
Estava
no vagão
Vagando
pela cidade
Por
túneis e trilhos
Vendo
o vagar do trânsito
E
o nada devagar
Agito
dos transeuntes
Perdido
nos pensamentos
De
bobeira a divagar
Vendo
o povo apinhado
À
espera do metrô lotado
Em
plataformas sem forma
Falta
espaço, sobre cansaço
O
trem encosta já cheio
Antes
de o apito soar
Pra
entrar tem de suar
O
povo fica e suplica
Em
vão a vaga que não veio
No
vagão quase sem ar
Não
há conforto nem lugar
Apenas
o aperto rotineiro
Rostos
apreensivos, fatigados
Inexpressivos,
enlatados
E
a vaga noção de seguir nos trilhos
Ensardinhados,
bem DE-VA-GAR
"- Paramos para aguardar a movimentação
do trem à frente."
Manogon |
Mas para não
dizer que não falei da zona leste, preparem-se, pois em julho tem dose dupla do
Sarau da Casa Amarela, que contará com convidadas especiais: Adriane Garcia
(MG) e Bianca Velloso (SC), duas brilhantes escritoras, além de outros autores
que acompanham a comitiva.
Dia 18-07, será na Casa de Farinha, com
o lançamento do CD Sarau da Casa Amarela, vol. 1 - Mutirão Cultural, exposição
de artes de Euflávio Madeirart (esculturas em madeira) e Ligia Regina
(quadros), pocket show com artistas da Casa Amarela e microfone aberto.
Dia
20-07 acontece o tradicional Sarau da Casa Amarela, na sua sede mesmo,
com os mesmos autores convidados e os artistas que frequentam o sarau.
Dia
25-07 tem o Sarau da Casa do Chefe (agora chamada de Casa da Memória deItaquera), no centro
de Itaquera.
E dia 26-07 tem a realização do Blá-Blá-Blá, na Casa Amarela, um
debate com o tema "Literatura Marginal, o que é?", com os convidados Alessandro Buzo (escritor,
cineasta e apresentador de TV), Sacolinha (escritor e produtor cultural) e
Érica Peçanha (pesquisadora).
Manoel Gonçalves é designer gráfico, ator e poeta. Escreveu por dois anos e meio para o blog e site Desabafo de Mãe, como pai convidado, para expor seu ponto de vista sobre a difícil e prazerosa arte de criar e educar as filhas. Participou também de outros blogs literários.
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