quinta-feira, 15 de maio de 2014

POR DENTRO DA ESCOLA: EMEF Jd. Guarani - Professores e estudantes alegres e guerreiros

Com estudantes dos cursos noturnos da EMEF Jd. Guarani - Prof. José Alfredo Apolinário.

A jornalista Renta Vila entrevista o autor de ZONA NORTE, da série Era uma vez no meu bairro, que na noite de 14 de maio entrevistou e foi entrevistado por alunos dos cursos noturnos da EMEF Jd. Guarani - Prof. José Alfredo Apolinário.
Documentário exibido antes do debate

Renta Vila: Bem, entrevistá-lo já não é novidade, não é mesmo?

Jeosafá: Não, parece que não, estamos caindo na rotina (rs rs rs).

Renta Vila: Mas em seu blog Amplexos do Jeosafá tem coisas que não posso perguntar, aqui, vale tudo.

Jeosafá: Opa, não é bem assim...

Renta Vila: Tudo bem, sem perguntas proibidas.

Jeosafá: Isso.

Renta Vila: Como foi sua visita à EMEF Jd. Guarani?

Livro usado como eixo das entrevistas.
Jeosafá: Foi ótima, os professores me receberam super bem, e os estudantes foram muito legais também.

Renta Vila: Em que sentido...

Jeosafá: Bem, como sabe, para a coisa não ficar chata, sempre procuro entrevistar alunos e professores. Os dois entraram no jogo, tanto respondendo às perguntas, às vezes cheias de segundas intensões, que fiz, às vezes perguntando.

Renta Vila: Que palavras usaria para descrever os estudantes...

Jeosafá: Eles são muito divertidos, alguns, engraçados, mesmo. E quando falam sério, suas perguntas e afirmações vão direto aos problemas verdadeiramente importantes.

Renta Vila: Tipo...

Jeosafá: Tipo... violência, condições de moradia, saúde, drogas, lazer, ou seja, aquilo que verdadeiramente importa para qualquer ser humano ser feliz nos dias de hoje.

Renta Vila: Você foi lá para falar sobre bairros de São Paulo, em particular, o deles, já que o eixo da discussão era seu livro Zona Norte, da série Era uma vez no meu bairro. O que eles falaram?

Jeosafá: Bem, no início, tudo mundo fica um pouco inibido. Mas acho que fui feliz ao procurar demonstrar que histórias feias ou bonitas, trágicas ou comoventes ocorrem o tempo todo perto de nós mesmos. Tanto que houve um momento, quando eu contava uma história real que registrei em meu livro, em que o silêncio no auditório, que estava lotado, foi total. Eu mesmo fiquei um pouco incomodado com esse silêncio.

Renta Vila: E...

Jeosafá: E, quando terminamos nossa entrevista mútua, uma porção de estudantes veio me contar, ainda que
rapidamente, algumas histórias de suas vidas, de suas famílias ou de gente que mora no bairro.

Renta Vila: Tipo...

Jeosafá: Tipo: mulher de coragem que cuidou de cinco filhas sozinha, na raça; tipo: idoso de mais de oitenta anos que faz poesias e mostra para a neta etc. Ou seja, eles tem um mundo de histórias para contar.

Renta Vila: E o que você espera?

Jeosafá: Espero que o projeto que estou bolando com a prof.a Regina Lino, Orientadora da Sala de Leitura, vá para frente. Ela se esforça para que eles reflitam mais sobre o local me que moram e estudam. No dia 26 vai haver um café cultural, é um outro momento em que esse mergulho na realidade local vai ocorrer.

Renta Vila: Então você tem expectativas de que os jovens escrevam suas histórias...

Jeosafá: Sim, escrevam, fotografem, filmem, pois hoje em dia qualquer celular faz um bom filme-minuto. No que depender de mim, podem contar comigo para aprender a recolher, registrar e dar forma às histórias deles que eles julgam valer a pena. Demonstrei a eles que ouvir a história dos outros é uma foram de contarmos a nossa própria história.

Renta Vila: Então você vai voltar lá por esses dias...

Jeosafá: Sim, dia 26 estarei lá e levarei alguns exemplares do Zona Norte para a Biblioteca e outros para serem sorteados. O Zona Norte pode servir de referência para eles fazerem a recolha das histórias deles, que podem ir para o Facebook ou, melhor ainda, para um blog que cada um pode criar para essa finalidade, como eu fiz com a série Era uma vez no meu bairro, que tem um blog específico (para ir ao blog, clique aqui).

Renta Vila: Noutras palavras...

Com educadores da EMEF Jd. Guarani.
Jeosafá: Noutras palavras, no que depender de mim, o projeto pode ir para o bairro. Gostaria muito de ser convidado para ouvir ou contar histórias nas casas das pessoas. Todo mundo tem belas histórias para contar e, contando, recupera memórias de família, o bairro, do país e do mundo... porque, sem conhecermos nossa própria história, somos facilmente manipulados e feitos de...

Renta Vila: Feitos de...?

Jeosafá: Idiotas, a palavra é forte mas é essa. Quem não conhece a história de si, de sua família, de seu bairros, de sua cidade, de seu país, do mundo, enfim, é passado para trás facilmente.

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