quinta-feira, 8 de maio de 2014

Coluna ÉTICA E VALORES - Sobre a Amizade


Por Luiz Roberto de Aguiar.

Atualmente vivemos envolvidos numa sociedade que se mostra muito veloz e voraz em suas mudanças tecnológicas e extremamente perturbada em suas relações de amizades.

De acordo com Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, a amizade possui determinadas características sendo ela uma necessidade do ser humano. O ser humano enquanto ser sociável  desenvolve em vários locais a construção de pequenos grupos ou pequenas sociedades as quais vão se formando de acordo com seus gostos,  necessidades, objetivos e desejos. Podemos entender que a amizade pode ser usada como matéria prima para dar liga a estas relações, segundo o filósofo são os três tipos de amizades por ele explicadas no texto citado e que explico abaixo de forma resumida: Amizade segundo o prazer, a qual é fundamentada no prazer que une as pessoas nela envolvidas. Baseia-se no prazer que envolve a relação, enquanto o prazer durar, dura a relação.

Amizade segundo a utilidade ou interesse, fundamenta-se pelo bem que uma pessoa pode proporcionar a outra. Esta relação se mantém viva e ativa enquanto se pode ganhar algo do outro, findando o lucro ou o interesse, chega-se ao fim da amizade.

Amizade segundo a virtude ou citada por outros como a amizade por amor, é a relação estabelecida sobre a base do servir um ao outro. Neste tipo de relação as pessoas estão ocupadas em cuidar um do outro sem buscar para si um interesse maior do que atender a necessidade do amigo.

Cada tipo de amizade é necessário para o ser humano e seus relacionamentos, visto que as diferentes relações serão vividas muitas vezes num mesmo ambiente proporcionando ao indivíduo a capacidade de autoconhecimento, de avançar em sua maturidade e de enfrentar e identificar desafios que se apresentarão anexados a estas circunstâncias. O que poderá levar tais pessoas a progredirem no conhecimento e no desenvolvimento de seus valores pessoais, estudantis, sociais e profissionais entre outros.

Numa sociedade de características tão antagônicas, com as pessoas buscando cada vez mais de forma egoísta atender somente aos seus próprios interesses e que em decorrência desta postura social vemos os atos de violência crescerem absurdamente, bem como as relações familiares se distorcerem a ponto de que algumas vezes o “lar” que deveria ser o lugar de segurança máxima, se transformar no lugar mais inseguro para se viver, é que se evidência a importância de discutirmos este assunto com nossos filhos, alunos e amigos (sejam eles de qualquer estágio),  para que de modo equilibrado nos apercebamos dos tipos de amizades que temos construído e que permitamos uns aos outros vivermos na prática de nossa tão desejada liberdade e do uso de nossos direitos, proporcionando uns aos outros aquilo que gostaríamos que a nós mesmos fosse feito.

Ser amigo por interesse nem sempre é ruim, pois o interesse em melhorar seu desempenho em determinada matéria escolar pode aproximá-lo de outro aluno e levá-lo a um rendimento melhor.

A amizade por prazer é muito bem vinda quando o prazer que nos une não é nocivo à nossa saúde, como por exemplo, a prática de esportes, a organização de um grupo teatral ou de dança, uma banda ou um grupo de estudos onde alunos mais velhos ensinam a crianças de menor idade ou de menor capacidade econômica.

A amizade por amor ou virtude, pode ser buscada por cada um de nós para que juntos promovamos a mudança no mundo em que vivemos. Sair de uma situação de insegurança, desconfiança e descrédito das instituições estabelecidas, pode ter início com atitudes pequenas de amor envolvendo nossas amizades diárias, nossas condutas no trânsito, na criação de nossos filhos, em nossas relações comerciais, profissionais e religiosas.

Todos estes tipos de amizades nos acompanham por toda a vida e geram frutos positivos ou negativos, cabe a cada ser humano reter o que é bom e deixar de lado o que for ruim. Promovendo em suas relações o melhor de si e buscando o melhor do outro,  reconhecendo que todos nós às vezes erramos (mesmo sem quere) e outras vezes acertamos (mesmo quando não queremos), então que nossas amizades sejam as melhores possíveis enquanto durarem, que deixemos uns nos outros a marca do amor, da bondade e da felicidade.

Como diz a canção: “Amigo é coisa prá se guardar do lado esquerdo do peito dentro do coração”.

Luiz Roberto de Aguiar é Pós-graduado em Aconselhamento pela Faculdade Batista Teológica de São Paulo, professor de Filosofia para Crianças e Palestrante sobre Prevenção ao uso de Drogas. Escreve todas as quintas-feiras a coluna Ética e valores para o blog da editora Nova Alexandria. Contato: luizão.filosofia@yahoo.com.br.



Leia também a coluna VOLTA POR CIMA, de Samuel Soares, sobre como enfrentar as dificuldades da vida.

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