Por Luiz Roberto de Aguiar.
Atualmente
vivemos envolvidos numa sociedade que se mostra muito veloz e voraz em suas
mudanças tecnológicas e extremamente perturbada em suas relações de amizades.
De
acordo com Aristóteles, em sua obra Ética
a Nicômaco, a amizade possui determinadas características sendo ela uma
necessidade do ser humano. O ser humano enquanto ser sociável desenvolve em vários locais a construção de
pequenos grupos ou pequenas sociedades as quais vão se formando de acordo com seus
gostos, necessidades, objetivos e desejos.
Podemos entender que a amizade pode ser usada como matéria prima para dar liga
a estas relações, segundo o filósofo são os três tipos de amizades por ele
explicadas no texto citado e que explico abaixo de forma resumida: Amizade
segundo o prazer, a qual é fundamentada no prazer que une as pessoas nela
envolvidas. Baseia-se no prazer que envolve a relação, enquanto o prazer durar,
dura a relação.
Amizade
segundo a utilidade ou interesse, fundamenta-se pelo bem que uma pessoa pode
proporcionar a outra. Esta relação se mantém viva e ativa enquanto se pode
ganhar algo do outro, findando o lucro ou o interesse, chega-se ao fim da
amizade.
Amizade
segundo a virtude ou citada por outros como a amizade por amor, é a relação
estabelecida sobre a base do servir um ao outro. Neste tipo de relação as
pessoas estão ocupadas em cuidar um do outro sem buscar para si um interesse
maior do que atender a necessidade do amigo.
Cada
tipo de amizade é necessário para o ser humano e seus relacionamentos, visto
que as diferentes relações serão vividas muitas vezes num mesmo ambiente
proporcionando ao indivíduo a capacidade de autoconhecimento, de avançar em sua
maturidade e de enfrentar e identificar desafios que se apresentarão anexados a
estas circunstâncias. O que poderá levar tais pessoas a progredirem no
conhecimento e no desenvolvimento de seus valores pessoais, estudantis, sociais
e profissionais entre outros.
Numa
sociedade de características tão antagônicas, com as pessoas buscando cada vez
mais de forma egoísta atender somente aos seus próprios interesses e que em
decorrência desta postura social vemos os atos de violência crescerem
absurdamente, bem como as relações familiares se distorcerem a ponto de que
algumas vezes o “lar” que deveria ser o lugar de segurança máxima, se transformar
no lugar mais inseguro para se viver, é que se evidência a importância de
discutirmos este assunto com nossos filhos, alunos e amigos (sejam eles de
qualquer estágio), para que de modo
equilibrado nos apercebamos dos tipos de amizades que temos construído e que
permitamos uns aos outros vivermos na prática de nossa tão desejada liberdade e
do uso de nossos direitos, proporcionando uns aos outros aquilo que gostaríamos
que a nós mesmos fosse feito.
Ser
amigo por interesse nem sempre é ruim, pois o interesse em melhorar seu
desempenho em determinada matéria escolar pode aproximá-lo de outro aluno e
levá-lo a um rendimento melhor.
A
amizade por prazer é muito bem vinda quando o prazer que nos une não é nocivo à
nossa saúde, como por exemplo, a prática de esportes, a organização de um grupo
teatral ou de dança, uma banda ou um grupo de estudos onde alunos mais velhos
ensinam a crianças de menor idade ou de menor capacidade econômica.
A
amizade por amor ou virtude, pode ser buscada por cada um de nós para que
juntos promovamos a mudança no mundo em que vivemos. Sair de uma situação de
insegurança, desconfiança e descrédito das instituições estabelecidas, pode ter
início com atitudes pequenas de amor envolvendo nossas amizades diárias, nossas
condutas no trânsito, na criação de nossos filhos, em nossas relações
comerciais, profissionais e religiosas.
Todos
estes tipos de amizades nos acompanham por toda a vida e geram frutos positivos
ou negativos, cabe a cada ser humano reter o que é bom e deixar de lado o que
for ruim. Promovendo em suas relações o melhor de si e buscando o melhor do
outro, reconhecendo que todos nós às
vezes erramos (mesmo sem quere) e outras vezes acertamos (mesmo quando não
queremos), então que nossas amizades sejam as melhores possíveis enquanto
durarem, que deixemos uns nos outros a marca do amor, da bondade e da
felicidade.
Como
diz a canção: “Amigo é coisa prá se guardar do lado esquerdo do peito dentro do
coração”.
Luiz
Roberto de Aguiar é Pós-graduado
em Aconselhamento pela Faculdade Batista Teológica de São Paulo, professor
de Filosofia para Crianças e Palestrante sobre Prevenção ao uso de Drogas. Escreve todas as quintas-feiras a coluna Ética e valores para o blog da editora Nova Alexandria. Contato: luizão.filosofia@yahoo.com.br.
Leia também a coluna VOLTA POR CIMA, de Samuel Soares, sobre como enfrentar as dificuldades da vida.
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